Por toda a vida acumulei lembranças - materiais e afetivas
relíquias sobre as quais minha história se fez.
Então um dia, ladrões vieram e tudo se foi.
Fiquei vazia de sinais e nua de passado.
Como aceitar que não poderei mais ver e tocar as lembranças de minha historia?
Levaram o anel de 15 anos – presente do pai falecido, que não entrava mais no dedo.
o pingente do primeiro namorado – um relacionamento que foi lindo mas não vingou.
a aliança com brilhante – de um casamento que se desfez no tempo
o brinco do amante que me incendiou de paixão – e que um dia me abandonou.
Restos de pequenas histórias que formaram a minha história pessoal.
Mas vão-se os anéis... – me disse Old Guy ontem.
E é verdade.
Meus dedos e minhas mãos continuam aqui
Capazes de continuar a escrever minha história (e outras histórias!)
Capazes de reconstruir a vida e reconquistar o que foi levado.
Coração e mente continuam cheios de lembranças
que ladrão algum do mundo me tira
porque habitam meu palácio de memória.
O que sou e o que serei
independe do que tiraram.
Saio fortalecida
e repito: ontem, hoje e sempre:
SEREI FELIZ.
3 comentários:
uma pena que coisas ruins aconteçam com pessoas boas...mas o mundo é assim, ilógico e imprevisivel;cabe-nos aceitá-lo como é e ter a determinação para superar as dificuldades!
Seu texto me faz perceber que acabamos nos tornando materialistas devido o sentimentalismo que empregamos em meros objetos...Muito certo o que disse, amiga! Você perdeu seus objetos, mas os sentimentos, as lembranças relacionadas a eles ficaram...Quem pode roubá-los de você?
Sabe, Ayla, não faço mais idéia, tanto do que perdi assim e do que perdi quando dos desencontros da vida que nos abatem. Olhando certos álbuns a memória procura e encontra sim saudades que , estranhamente, gostaria de ter novamente. Mas tudo se vai. Momentos, pertecences, tudo...
(...)"Fiquei vazia de sinais e nua de passado" - contundente verso.
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