sábado, 28 de novembro de 2009

Cap 3 - SEXO VIRTUAL


Laura pensava em Luiz constantemente. Ele passara a fazer parte de sua vida e de seus pensamentos, de seus sonhos e de suas fantasias. Do homem misterioso que inicialmente a atraíra pelo anonimato, Luiz ganhara um local no seu coração pela perspicácia, pela transparência, pelo acolhida que revelava. Seus pensamentos convergiam e muitas vezes casavam. Bastava um pensar e outro expressar, quando não escreviam ao mesmo tempo mesmas palavras. A impressão era de que se conheciam desde sempre.


Claro que havia diferenças entre eles, especialmente vivenciais: Luiz era direto e imediatista. O tempo lhe ensinara que cada dia é um dia para ser vivido plenamente. Laura era mais contida e preferia adiar as decisões sempre para frente. Para Luiz o tempo era um inimigo implacável. Para Laura, o tempo era o amigo que tudo resolve...


E apesar de não chegarem a um acordo sobre a função do tempo nas suas vidas, concordavam em tantos outros aspectos... E a relação continuava, fortificada pelos encontros freqüentes por chat, por telefone, por mail... Assuntos nunca faltaram. Conversavam sobre tudo que se referisse a eles: Família, atividades, acontecimentos, crenças, pensamentos, fantasias, aspirações...


Casado fazia 35 anos, Luiz afirmava estar em plena forma sexualmente e sentir mais necessidade de relações sexuais do que a esposa – em climatério – oferecia, o que o levava a lhe ser infiel. Casada há 15 anos, Laura sentia-se insatisfeita com sua vida sexual, não pela freqüência, mas pela falta de criatividade do marido. Nunca lhe fora infiel, mas não se sentia feliz.


Luiz, cuja primeira motivação era sexo virtual, já não insistia nisso, pregando que deveria acontecer se ambos quisessem. Deixara claro que ele queria. Quando ela quisesse... Então aconteceu, cinco semanas depois do primeiro encontro, como conseqüência natural das conversas e dos sentimentos que os dominava. O que os uniu mais ainda...


Luiz e Laura sentiam-se profundamente envolvidos. Havia algo muito forte que atraía e impulsionava um para o outro... Isso era maravilhoso, mas também era motivo de questionamento!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Cap 2 - O MUNDO VIRTUAL

Os encontros virtuais entre Laura e Luiz aconteciam nos intervalos de tempo que ele dispunha no trabalho, ou em casa, nas ausências da esposa. Laura acessava apenas do escritório, onde trabalhava, e na ausência do chefe. Nem sempre os horários combinavam. Era uma limitação, mas o desejo de estarem juntos e conversarem, fez que criassem uma nova rotina, e o intervalo do horário de almoço se tornou o momento de encontro....


Nestas ocasiões, o tempo lhes parecia adverso. Os minutos voavam sem que eles se dessem conta. Os assuntos eram inesgotáveis. Sempre havia algo mais a comentar, a esclarecer, a indagar. E as despedidas, então, sempre um queria dizer um tchau a mais, fazer uma recomendação, expressar uma frase de carinho...


Como aliados fiéis contavam com o correio eletrônico, que conduzia rapidamente as mensagens, permitindo que em tempo real pudessem manifestar um ao outro os sentimentos que afloravam. E o telefone, no qual falavam-se regularmente.


E, além destas ocasiões, em qualquer tempo, havia o pensamento que freqüentemente voava direcionado de um para o outro.


Se não bastasse o pensamento informal, adotaram outros sinalizadores para ativar a lembrança e o encontro mental. A lua cheia era um. Quando olhavam o céu com a lua brilhante e majestosa, sentiam-se unidos, onde quer que estivessem, sob a mesma paisagem e mesmo pensamento.


Tulipas era outro sinalizador. Laura, que até então nunca havia reparado na existência daquela bela e sofisticada flor, passou a notá-la e admirá-la depois que Luiz começou a cobri-la de tulipas virtuais quando chegava para falar com ela e a dizer que via na flor a imagem de sua bem-amada.


Logicamente que, entre tantos outros assuntos, falavam da possibilidade de um encontro real, mas ainda como um sonho, apesar de plausível, pois a distância geográfica entre eles era de menos de 300 km, irrisória para os tempos atuais.


Cada vez que Luiz embrenhava para esse lado, Laura evitava o assunto e ignorava a proposta. Não se sentia ainda preparada e por isso adiava a possibilidade de se encontrarem frente a frente para um futuro, talvez não tão próximo...


E assim, enquanto as coisas não se encaminhavam para o presencial, a imaginação e a fantasia faziam a festa no virtual...

sábado, 21 de novembro de 2009

Cap 1 - O ENCONTRO

Ela se sentia chateada naquela tarde. Queria conversar com alguém. Por isso entrou na internet, naquela sala de chat. Então ele apareceu. Entrou como Anônimo. Foi direto ao dizer que procurava conversas excitantes e sexo virtual. Ela não chegou a se escandalizar, pois não era o primeiro deste tipo que encontrava. Fosse em outra ocasião provavelmente teria corrido. Mas até dar assunto para um conquistador internético era melhor do que continuar sozinha.


Ele insistia em seu propósito. Ela esquivava-se, sem, entretanto, lhe dizer um não direto. Envolveu-o num jogo de oferecer e negar, de atiçar e recuar que o seduziu ao mesmo tempo em que se sentia seduzida...


Quando ele saiu da sala virtual, ela continuou pensando nele... Percebeu-o um homem culto, inteligente e perspicaz. Teria gostado de conhecê-lo melhor. Quem seria ele? Explicara que usava de reservas porque era casado e não queria magoar a esposa... Mas seria só isso?


Como ela freqüentava a sala de chat sempre com o mesmo nick, dois dias depois, ele reaparece na sala e fala com ela. Conversaram como velhos amigos e quando ele se vai, a impressão inicial se confirma: dava-lhe imenso prazer teclar com ele.


E houve um terceiro, e um quarto encontros. O clima de reservas, mas de muita sinceridade, mantinha e atiçava o interesse. Era excitante invocar a fantasia para tentar adivinhar quem poderia ser aquele homem que chegava carinhoso, carregado de tulipas virtuais, e se mantinha no anonimato...


Aos poucos vêm à tona algumas informações deles próprios, mas respeitavam-se, não perguntando mais do que o outro contava, apesar de se terem dito mutuamente que gostariam de se conhecer melhor! As conversas eram prazerosas, para ambos, que sabiam usar de sutileza e sensibilidade, jogando com palavras e com emoções.


Mas um dia ela deixou escapar uma informação sobre sua cidade, e ele começou a fazer perguntas, e acabou que se apresentaram: Luiz, aposentado, 60 anos. E ela também se apresenta: Laura, contadora, 40 anos.


Pronto, acaba-se o mistério! Só que o encanto não. Os encontros continuaram acontecendo, agora mais explícitos, um perguntando para o outro aquilo que antes ficara em aberto, desfazendo as dúvidas, preenchendo as lacunas... E foram se conhecendo cada vez mais. O prazer, então, consistia no desvendamento mútuo. E cada vez mais um gostava do que via no outro...



sexta-feira, 20 de novembro de 2009

CONTO INÉDITO... AQUI NO BLOG

Meu amigo David fez uma sugestão interessante: a publicação de um conto, em capítulos, aqui no blog.
Acatei a sugestão e a partir de amanhã, toda quarta-feira e sábado estarei publicando um capítulo de um conto inédito.
PRIMAVERA NO OUTONO DA VIDA conta a história de um homem que, no outono da vida, apaixona-se por uma mulher bem mais jovem e decide reencontrar a primavera ao lado dela.


sábado, 14 de novembro de 2009

A LINGUA LAMBE - Carlos Drumond de Andrade


A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.

E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,

entre gritos, balidos e rugidos,
de leões na floresta, enfurecidos.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

APRENDIZ DE FEITICEIRA...

Quem de nós nunca se imaginou com poderes... fosse para ajudar alguma pessoa sofrendo, fosse para dar vazão aos nossos desejos de vingança?

Pois não fui diferente. Brinquei muito de ser bruxa. Emiti muita bênção e roguei muita praga... Que funcionaram!

A notícia boa é que tem seu lado de verdade... Todas nós, mulheres, temos nosso lado de Bruxa...

Afinal, não somos nós, capazes, de em nosso ventre, gerar uma nova vida? Ter o Poder da Vida não é, por si só, um poder imenso?

Quando quem amamos fica doente, não exercemos nosso Poder da Cura? Seja dando remédio, fazendo curativo ou segurando a mão.

Nas dificuldades familiares não estamos ali exercendo nosso Poder de Mediação para que todos vivam em harmonia?

Nos momentos de crises, não manifestamos a Sabedoria para aconselhar? Não incentivamos a Paciência de esperar? Não pregamos a Fé para continuar acreditando?

E acima de todos os poderes, nós temos o Poder de Amar incondicionalmente aqueles que a Vida coloca em nosso caminho. Embora muitas vezes acabamos ignoradas, incompreendidas, criticadas, exploradas e abusadas por eles.

E por que isso acontece?

Vejamos as bruxas dos contos infantis. Elas não se enquadram no perfil de pessoas boas porque lutam ferozmente pelos seus interesses pessoais. Porque dificultam o "felizes para sempre" de enamorados imaturos. Porque se colocam contra tudo e todos quando se trata de defender idéias e principios.

Não defendo os métodos utilizados pelas bruxas das histórias. Mas as suas atitudes. De firmeza, coragem, perseverança. Que devemos trazer para nossas vidas práticas.

Pergunto:

- Será que não nos falta esta "maldade" de nos amar mais do que amamos os outros?

- De seguir em frente diante da falta de apoio e das críticas?

- Será que temos a coragem de entrar em batalhas perdidas em nome de ideais?

- De fazer o que é certo sem medo de desempenhar o papel de bruxa má?


Pensemos nisso!

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